Opinião Pública

Eric do Vale

Pertencentes aos olhos

Que, incessatamente,

Me fuzilaram são os dedos

Pelos quais, inquisitoriamente,

Se encarregaram de,

A todo momento,

Apontarem para mim,

Tornando-me sujeito

A ser chamado de elemento,

Em razão do meu jeito de ser.

Só porque não tive medo

De ter vergonha de ser

O que sou, paguei caro

O preço e passei a ser

Chamado de sem vergonha.

E se eu ficasse ajoelhado

Pedindo perdão a Deus?

Senhor me responda:

Qual pecado teria cometido

Esse nobre pecador?

Sob o olhar inquisitivo

Da impiedosa hipocrisia

Travestida de Tribunal do Santo Ofício

Sou acusado de heresia

E, consequentemente,

Condenado a ser lançado

A fogueira do fogo eterno.

Os dias passarão e os cães

Farejadores não mais terão

Que ladrar, visto que, na altura

Desse campeonato, já saberão

Falar, na mesma proporção

Que outras caravanas passarão.