CINZENTO

Súbito,

o dia

acidentou-se de gris,

acinzentou-se meu olhar,

via nas lágrimas

do céu

um tom vis a vis

ao metálico verniz,

inoxidável,

plumbeas nuvens

de chuvas do verão

volátil.

O mar

desenhava-se em esperas,

seus barcos

dormitavam

na embocadura

do cais.

Havia uma beleza

grafite,

doce melancolia

estampada

nos matisses

das águas.

Era belo

contemplá-las

em desensolarados

momentos.

A tarde fenecia

nas nubladas

virações,

ausentava-se

na furtiva

despedida.

Deixava

seus cinzas

na partida,

sua urna, ...

suas cinzas,

depósito

de inquietantes saudades,

luto

pela ausência do sol,

e presença da solidão.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 03/01/2023
Código do texto: T7686122
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