Carta Retorno

Navego em caudalosas fontes,

rubras ondas adentram o meu peito,

Minha alma mergulha na euforia,

emergindo leve, sorridente e dançante!

Nesta, te afirmo os vis maremotos;

"nevoeiros sussurradores da discórdia".

Por tantas vezes a garganta gemia...

faltava-me o ar... olhos ardiam...

Dia por dia, agradecida, acendia a lamparina,

na matula meus aís, uma pitada de coragem,

tinha a chama como guia.

Ciente da imensidão de céu,

do horizonte após o nevoeiro,

de luz, bem acolá,

depositei ali, aliás, a minha fé legítima.

Sem desculpas, persistindo.

A dor meci por anos sedenta,

que sequer contei...

Olha,

- A truculência que parte, e aparta, nem tudo é um tial, o abecedário é doído, legítimo.

-Escrevo lhe, como sendo carta de amor;

*meu amor,

Perdoa a ausência desses dias sem pausa,

sem sequer um cadinho de trova pra desanuviar a vista.

Hoje sobre esse céu imenso e límpido

levantei-me não mais figurante.

Viro a página para acrescentar

trechos fragmentados da minha passagem ali.

A essência encandecida, é sabido que não era eu...

Trago comigo cicatrizes ainda sensíveis,

cada uma com seu teor,

"Mas o coração, que é um guardador de amor,

Casa para beija-flor, borboletas, querubins"

é candeeiro de jardim.

Olha eu,

emergindo ao som de insistente cornetas

anunciando essa primavera que se revela...

Afora, acolho-vos caudalosas palavras,

que hão de ser poesia e, bem o sabes,

não me ausento aqui.

Vera Lúcia Bezerra
Enviado por Vera Lúcia Bezerra em 07/01/2023
Reeditado em 09/01/2023
Código do texto: T7689313
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