Ode pequena ao esquecimento

vestidos não precisam de asas

lembram um pássaro voando

nos ventos de longe

num cardume podem mover o mar

nunca dês nome, a um vestido

nem tente lhe saber o sentido

sempre é outro vestido à passar

deitado no pensamento

em nenhumas coisas

nem outras

frescos, quase de orvalho

numa ondulação do tempo

não carece optar

porque tão pouco cabe

a versão mais gentil de um perfume

não atente para a estampa

que escorrega pelas ruas

a rua, assim, jamais cansa

o vestido que avança

havia de ser uma madrugada

na íntima sombra

do calor das madressilvas

mas, acaso o vestido acabar

não lhes, toque com a lembrança

de ainda disfarçar

que amanhece

guarde-o no esquecimento

de mãos distraídas

das outras vezes perdidas

em pássaros

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 12/01/2023
Código do texto: T7693556
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