RECLAMO ÀS ÁGUAS TURBULENTAS

Apocalipse 20.13

Reclamo às águas turbulentas,

Cuja noite se devora nas espumas,

Cujo som e fúria desfazem este barco,

Cuja esperança perde-se nas brumas.

Reclamo ao solo, invólucro efêmero,

Cuja boca abriu-se, par em par,

Para receber matéria rubra,

Aguardando tal momento singular.

Reclamo que devolvam a vil matéria

Que um dia foi sonho e foi terror,

Que um dia foi paixão e alegria.

Reclamo que entreguem o corpo intacto,

Cada parte, mesmo as cinzas abissais,

Para o encontro que nas nuvens principia.

Edilson Paulo, 02.7.2013