RASO DA CATARINA

Como são rasas

as Catarinas

de ossaturas vazias,

seu nome não escreve,

não são gráficas,

sem suas bacias,

Catarinas

são áridas,

nem um pouco

hidrográficas,

sem cataratas,

nem visões

cristalinas.

O tempo,

perverso,

levava,

mês a mês,

uma menina :

logo foi Inês,

tão franzina,

a soturna

setembrina,

a sortuda

era Sabrina,

foi pra

Santa Catarina.

Era santa, a Catarina!

Da novena, a

novenbrina,

Januária,

de tez de sol,

era severa,

a outra,

se fez tão só,

Severina.

A morte

não espera,

nada diz,

na mudez da vida,

se esmera

em não ser vento,

ou chuva caída,

um rasgo infinito

da seca

na cicatriz

da terra ferida.

Como as Catarinas

são rasas,

sem rosas,

sem águas,

apenas penitência

e o desalento.

No solo

sem provimento,

a sina da menina

é ser-tão só

o sofrimento

de uma existência

que nunca germina.

Como são rasas as Catarinas...

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 21/01/2023
Código do texto: T7700586
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