PELO PERDÃO

Perdoe meus vãos tortos,
minhas avalanches desgarradas,
meus ecos descabelados.
Perdoe minha dor ressabiada.
meus engasgos intrusos,
minha mão que não acolheu.
Perdoe minhas farsas abruptas,
meus suores fugidos,
minha felicidade que não cerzi.
Perdoe meus gritos encurralados,
minhas emoções mancas,
minhas pegadas reviradas do avesso.
Perdoe minhas vitórias puídas,
minhas bênçãos embriagadas,
meu fim que esqueceu de estrear.
Perdoe minhas conversas enferrujadas,
minhas luzes fora do tom,
meu tesão abortado.
Perdoe minhas verdades enrugadas,
meu convés encardido,
minha saudade perdida no bueiro.
Perdoe meu medo desafinado,
minhas horas desatinadas,
minhas certezas que a enxurrada não desencardiu.

 

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 22/01/2023
Reeditado em 22/01/2023
Código do texto: T7701706
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