O MAR NOS TEUS OLHOS
Quero morrer com a vista do mar nos olhos,
Ou, pelo menos, com a ardilosa visão do sonho
Que quis perpetuar em minha vida,
E que prossegue, sem mim, na alma do mundo.
Quero, se a circunstância permitir, no derradeiro
Instante, soprar sementes de rosas rubras ao vento,
Impregnar o meu espírito da liberdade dos campos:
E brotar viçosamente na flor de outro tempo.
Quero também encontrar o motivo da longa viagem
De terra em terra, e de mar em mar. Se foi
Uma grande aventura de amor, profunda busca
Sensual no caos, ou se foi apenas uma miragem.
Quero, por fim, vivenciar uma bela primavera
Para depois mergulhar no silêncio, no vácuo e avesso
De mim no universo, mas não sem antes
Ter flagrado o azul do céu no mar dos teus olhos.
© Jean-Pierre Barakat, 09.12.2007