Ninguém me conhece, não sabem que faço,

Ninguém me conhece, não sabem que faço,

minha arte não mostro, não podem me ver;

quem sabe uma ave voando a lazer

um dia me escute e me veja o compasso.

Quem sabe essa ave me dê seu abraço

e diga que o moço até sabe cantar;

assim eu sorria e passava a pensar

que a minha canção até vale um centavo;

assim não vivia nas dores do agravo

e nascia o galope na beira do mar.

Eu não fui criado pra ser um poeta,

não sou divertido, só canto da dor;

a voz que ganhei não possui o vigor

que conta as histórias da forma correta.

E minha postura é de gente discreta

do tipo que sabe que não vai cantar;

então no papel eu me ponho a rimar

um pouco escondido, qual fosse um segredo;

porém na verdade eu carrego esse medo,

que nunca me notem na beira do mar.

Ao longo dos anos eu fui melhorando

a forma acanhada dos versos que crio.

Compunha até mesmo na noite e com frio,

senão o meu peito na mente zurrando

fazia eu chorar como uma ave sangrando;

eu sou um poeta e preciso criar,

nem mesmo querendo eu consigo parar.

Persisto na escrita, teimoso menino,

eu sem recompensa até sou genuíno;

sozinho a galope na beira do mar.

Ninguém me conhece, não sabem quem sou,

no entanto um poeta tornei-me escondido;

se surjo cansado, mui tarde e sofrido

a culpa é da musa que à noite acordou.

Eu olho as estrelas que chamam, eu vou;

pois elas me fazem rimar e adorar.

Se sou tresloucado ninguém saberá.

Ao longo dos anos eu vou melhorando

enquanto o meu peito seguir respirando

os ares salgados na beira do mar.

11, 12/02/2023

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 13/02/2023
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