PORTAL

Era um portal aquele portão

Aquele portão de madeira

Já exaltado em versos, era um portal...

Portal para o sonho, para a alegria

Para a brincadeira sem preocupação

Ao passar por ele era permitido sujar a roupa

Rolar na terra, subir e descer em árvores

Era permitido viver

Por detrás daquele portão, daquele portal

Tudo era mágico e colossal.

Flores infantes perfumadas

Perfumando os caminhos, aplainando as estradas

Belo portal, singelo, salvífico e saudoso

Depois dele tinha a casa, a sala , a antiga tv

A mesa e dela vinham “ruidos’ ouvidos de longe...

O colchão de capim, o guarda-louça, o oratório.

Tinha fogão de lenha, chão de piso batido

Cheiro de café pelo ar e biscoito frito

Vestido comprido estampado

Num corpo lento e curvado.

Dois em um, um amor eterno

Para todo o sempre jurado

As duas figuras ilustres e inesquecíveis...

Tinha o paiol para se brincar de esconder

O barranco, moderno tobogã para a época

Quintalão pra correr e quase voar

E vibrar ao ouvir o avião chegar.

A cisterna, o milho, a mandioca a mangueira

A alegria a tarde inteira

Foi bom, mas foi pouco

Portão, portal, porta, porteira, porto.

Velho portal...