A Puta do Bispo!

Cobria-a um leque de plumas opulentes,

suas mãos macias e guarnecidas de rendas

onde anéis de pedras de um oriente longínquo

escondiam uma nudez previsível pelo olfato.

Estiraçada numa cadeira de espaldar boémio

aguardava os galanteios dos ordinários feudais.

Num quarto escuro que não se concebem os jasmins,

cupidos ou Romeus de uma fábula qualquer!

Quanta inocência abriu as pernas aos eclesiásticos?

Seres iníquos escritos e descritos por joias e medos.

As cruzes edificadas nas festas e caçadas de basalto

acendem fogueiras malditas aos toques das vontades

de seres humanos deploráveis e asqueroso…

A evidente claridade de luz da vela no seu rosto

Poderá assassinar qualquer expectativa atrás

das plumas onde poderá sobreviver apenas a puta...

Vou rezar para o velho Bispo de hálito alcoólico

Não escute nas catedrais de mármore, que sua

puta se entregou a um amor vagabundo e verdadeiro

com quem brincou ao sol longe do frio marmóreo

das falsas moralidades dos homens da igreja.

Escondidos nas noites as flores se obrigavam

a florir…com medo de que vissem a sua beleza!

Dizem que os rouxinóis escreveram suas melodias

nos leques ducais durante mil luas ...fugindo

as impiedosas censuras que os cegaram durante

milénios os seus olhos que brilhavam de amor!

E é neste prestígio carnal que a iliba da morte,

que é verdadeiramente triste, velando o rosto

no eterno véu escrito de luto ... nas poucas

vezes que ousa sair da alcoceifa nojenta...

O que é certo é que a pálida meretriz de rendas pretas,

é e será sempre a transcendente menina dos

cabelos longos e maltrapilha por quem me apaixonei.

O pai errante gastou o dote do silêncio em vinho

A mãe morreu à míngua e severamente leprosa,

raquítica, enfezada…e louca… como um animal!

Parece que os irmãos morreram nas cruzadas

sem honra numa batalha sangrenta as ordens dos feudais.

Pelas arcadas da noite retinem as corujas indiferentes.

Riem os nobres bêbados…os vilões matam nos becos.

Ela própria se ri, ouvindo os galanteios do dono

do circo itinerante que passava por Monsaraz!

Riem-se os padres nos claustros impregnados de pecado!

Riem-se os vilões de mãos ensanguentadas de morte.

Rezo para que o monstro não profane mais nenhuma mãe!

Estarei louco?

Minha espada goteja insistentemente na calçada e o trote

Dos cavalos do Rei anunciam a morte do monstro!

Sobre o esquife de ouro jaza o imoral!

Só ela chora pelo morto!... A mágoa é de felicidade!

Sessenta e Nove Sugestões Poeticas
Enviado por Sessenta e Nove Sugestões Poeticas em 22/02/2023
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