Se eu me calar...

Não te espantes se eu calar meu verso,

com meu silêncio não te surpreendas;

comigo mesma vivo em contendas.

na poesia, reúno e disperso

todos os fragmentos de mim.

Se me calo, eu me preservo.

Não te espantes se eu não deixar rastro,

não te assustes com minha ausência,

pois, da palavra, a permanência

é retrato preciso de um mundo vasto

que trago dentro de mim.

Se me calo, eu me oculto.

Não te surpreendas se eu me calar,

se partir sem dizer adeus,

se este poema parece acenar

com lágrimas dos olhos meus,

cascata caudalosa a escorrer da alma.

Se me calo, ela se acalma.

Ficam os gestos apenas ensaiados,

ficam os poemas mal iniciados,

sombras líricas de algo concreto.

Ainda que não possas lê-las

Minhas palavras permanecem.

Na noite do meu silêncio

Elas se tornam estrelas.

© Shirley Carreira

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 27/11/2005
Código do texto: T77263
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