CONFINS DO AMOR

Amor é destempero, chão avesso e matreiro,

sacode os ares, os azedos, os vãos arredios,

acolhe os gostos chutados sem pestanejar.

Amor fagulha as ideias, os desmandos,

desmancha mandingas cruéis,

aglutina o que se perdeu e chorou.

Amor é alvissareiro, cheiroso, bondoso,

sabe dos nossos engodos e armações,

convive com avessos sem perder a fé

e nem a ginga.

Amor é voraz, languido, feroz,

tem sangue abrupto, sinas severas, recantos calejados,

se faz de mago pra não reverter a lida,

se faz de sonso pra não surrupiar dores outras.

Amor deixa a alma tilintando, feliz toda vida,

não tem herdeiros, nem berros correlatos,

é só nele que há o que tatear, ungir, abençoar.

Que sejamos sempre dignos dos seus encantos,

mistérios, prosas e confins.

Especialmente os confins.

 

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 28/02/2023
Reeditado em 28/02/2023
Código do texto: T7729347
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