Vou na Valsa

O tempo comeu minha paciência

O tempo devorou minha esperança

O tempo tem mastigado minha juventude

(com a malícia de um cão que late porque fareja o medo)

O tempo sorveu as vértebras da minha coluna

O tempo mordeu meu calcanhar para que eu parasse de andar ligeiro

O tempo engoliu meus pulmões

(e deixou só ar rarefeito)

O tempo é faminto

O tempo é voraz

E passa sagaz abocanhando em desespero

Ele passa mesmo querendo ficar

Enquanto eu me permito perder o seu compasso

As vezes escolho me atrasar

Eu fico. Eu espero.

O meu apetite é quando.

Ana Maria de Queiroz
Enviado por Ana Maria de Queiroz em 02/03/2023
Código do texto: T7731363
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