ALÉM DA VIDA
Fecho os meus olhos
E grito na multidão
Cerro meus lábios à espera
Ninguém me houve
Ninguém me vê
Sinto sozinha a minha dor
Angustiada, olho ao meu redor
Rostos se misturam, alegres ou tristes
Com vozes barulhentas que nunca se calam
Porém, nada falam
Os passos apressados, não param para ver o outro
Para ouvir o outro
Fico ali parada e indago
Onde estão as pessoas
Que fizeram parte da minha caminhada
Que contei os meus sonhos
Que falei dos meus desejos?
Todos se foram, apressados, agitados
Cada um seguiu o seu destino
E eu ali fiquei, só, com minha dor
Dor que somente eu sinto
Com tamanha intensidade que machuca a alma
Que pesa nos ombros
E faz meus pés ficarem cravados no solo
Sem perspectivas, sem destino
Engulo o choro, enxugo as lágrimas
E olho para o céu numa prece
Que cresce em meu peito
Sigo o meu caminho
Com passos incertos, confusos
Pelo espaço, que separa a mim de ti
Vou além da imaginação
Além da vida
Além de mim.