Assim é que amo

E quem é que foi que disse esse tal dito

Que em toda vida só se ama uma vez?

Quem foi mesmo que proclamou o injusto,

Essa sentença de profana insensatez?

A cada dia um novo amor eu invento

E mesmo reinventando o mesmo amor

Eu amo viver amando com todo alento

Os amores que instituo em sofisma dor.

E se perco eu num amor a esperança

Choro à beça, depressa como criança

E logo me pego amando outra lembrança.

E se de repente; não amando ninguém.

Procuro ainda a tempo criar outro bem

Pois assim é que amo, sempre amando alguém.