APRENDIZ

Dos seus pés, desenhei os meus mapas,

e segui cego a poeira das suas pegadas.

Das suas coxas, fiz dossel de seda fina,

e a sua entrada, foi a minha única saída.

Do seu sorriso, conheci uma paz sonhada,

e, mesmo no chão, levitei com as suas asas.

Dos seus beijos, sorvi mel em vez de saliva,

e colhi a fenda preta da sua árvore proibida.

Do seu colo, decorei as curvas e as palavras,

e escavei sapatas fundas e o chamei de casa.

Do seu gemido contralto, compus a sinfonia,

onde eu era o maestro — e você a maestrina.

Do seu abraço, notei que não mover as partes

sob a sua constrição, é a verdadeira liberdade.

Do seu olhar direto, compreendi que a poesia

pode até ser silenciosa, mas jamais será vazia.

Do seu tudo, aprendi o quebra-cabeça da vida.