TEMPO NUBLADO (1)
CHUVA
A chuva caiu e levou a sujeira,
a alegria floriu e levou a tristeza.
O amor estava abafado
e se refrescou com a chuva que caiu.
Na vida estava à toa
e se fortaleceu na esperança que surgiu.
Chuva que caiu.
Chuva que fugiu.
Chuva que levou
sujeira, levou tristeza...
Mas logo sumiu.
Porém, deixou o tempo nublado;
logo, logo
estronda um raio,
a desconfiança
lança um estilhaço.
A dor toma o corpo,
pensamento a torto...
Chuva que caiu.
Corpo que caiu.
Chuva que levou
tudo, tudo o que voltou.
NEGAR
Não sei como um coração pode ser tão frio.
A gente nega amor,
nega carinho e
nega compreensão.
Vivemos negando coisas óbvias,
coisas essenciais.
Ao nosso ser
hoje lhe nego um olhar.
Amanhã lhe nego um beijo.
Você talvez não seja
o que realmente desejo.
TORTURA
Imenso infinito,
finita realidade,
eu já não acredito
em eterna felicidade.
Imenso futuro
para muito pouco presente.
Meu mundo é escuro
e o amor está sempre ausente.
Imenso sofrer
tortura meu viver,
finita vida
para uma imensa noite.
PERDIDA DENTRO DE MIM
Algo bloqueia minha visão,
sinto-me perdida dentro de mim.
A neblina da tristeza
esconde meu coração.
A nudez da realidade
arrasa minha versão;
algo bloqueia minha respiração,
sinto-me sufocada dentro de mim.
Um suspiro é lido,
finda minha representação.
Cenas proibidas,
sexo, contravenção.
Algo bloqueia minha atração,
sinto que sou traída por mim.
O amor tortura sem perdão
meu pobre coração.
Algo muda o sentido,
apaga meu sorriso
e me deixa assim,
perdida dentro de mim.
CORAGEM
Saiam! Não quero
que vejam minha morte.
Vá embora! esperança,
porque em você não acredito mais.
Suma da minha vida! falsa felicidade,
não quero mais dentro de mim
o amor que me causou sofrimento.
Venha-me a coragem... para
acabar logo com minha agonia.
ELAINE BORGHI
primavera de 2005