Duro Ócio

 

A cabeça zonza dos anos ja vividos

Leva-me a crer que todos esses zumbidos

Foram a soma das emoções sem sentidos,

Cantam os passarinhos soltos aos ouvidos.

 

O corpo frágil que carrego já foi primavera.

Bem outrora, bem outrora, bem outrora, 

Mas o canto livre pelas ruas implora

Não é um calvário a vida que há lá fora.

 

Lá na existência, no fogo selvagem, lá 

No canto íntimo do momento único, acolá 

Busco-me no entrelaço agonizante das horas.

Onde estou esse encontro se aflora.

 

Existe uma pedra e grandes adornos,

Um lago fundo e metáforas em torno,

Desejos grandiosos regados a cedros,

Estrelas caídas do céu da boca em sonhos.

Destino truncado, reorganizado em duro ócio. 

 

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