Gaia
É muito vasto o mundo.
Muita coisa,
muita gente,
muitos fatos.
O desejo de saber tudo,
de viver e experimentar,
de “zerar” o jogo da vida...
Ingrato desejo.
Não será possível,
não haverá tempo.
É simples a diferença:
a finitude é concreta,
a plenitude, uma ilusão.
Gasta-se tempo de vida,
muito chão e muita poeira,
muito tropeço e muito recomeço
para se tomar consciência daquilo
que, desde sempre, já era assim.
Por que, afinal, não temos desde cedo
a noção do limite e da incompletude?
Poderíamos ter uma experiência bem distinta,
perder menos tempo com o dispensável,
estabelecer as prioridades.
Não é assim.
Um defeito de fábrica, por sinal.
À busca por suprir tal falha chamou-se autoconhecimento,
a mais árdua e demorada de todas as conquistas do humano.
Somos seres que, correndo tudo bem e nem sempre corre,
descobrem o que são quando já correu o prazo.
Saberemos algo do dia, quando o sol já estará se pondo.
A manhã e a tarde terão passado, na maioria dos casos,
sem ser percebidas.
A propósito, que horas são agora?
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