Gaia

É muito vasto o mundo.

Muita coisa,

muita gente,

muitos fatos.

O desejo de saber tudo,

de viver e experimentar,

de “zerar” o jogo da vida...

Ingrato desejo.

Não será possível,

não haverá tempo.

É simples a diferença:

a finitude é concreta,

a plenitude, uma ilusão.

Gasta-se tempo de vida,

muito chão e muita poeira,

muito tropeço e muito recomeço

para se tomar consciência daquilo

que, desde sempre, já era assim.

Por que, afinal, não temos desde cedo

a noção do limite e da incompletude?

Poderíamos ter uma experiência bem distinta,

perder menos tempo com o dispensável,

estabelecer as prioridades.

Não é assim.

Um defeito de fábrica, por sinal.

À busca por suprir tal falha chamou-se autoconhecimento,

a mais árdua e demorada de todas as conquistas do humano.

Somos seres que, correndo tudo bem e nem sempre corre,

descobrem o que são quando já correu o prazo.

Saberemos algo do dia, quando o sol já estará se pondo.

A manhã e a tarde terão passado, na maioria dos casos,

sem ser percebidas.

A propósito, que horas são agora?

.

José Carlos Freire
Enviado por José Carlos Freire em 24/03/2023
Reeditado em 24/03/2023
Código do texto: T7747967
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