Brincadeira de Criança

Olhando da janela\

Era alguém e ela\

A rodopiar sob a chuva\

No meio da rua\\

Eu ali, doente não podia sair\

De casa ouvia\

Gritos e risos extasiados\

Que me faziam divagar\

Que me excitavam a desobedecer\

A querer ir\

Me deixando perder nos impulsos\

Sem resistir, acabei por parar ali\

Chuva no corpo\

Lama nos pés\

E um sorriso num voo\

De coração\

A transcender qualquer paixão\

Sem resistência me envolvi\

Tu viste graça no meu ritmo\

E viestes atrás de mim\

Quando ele entendeu o teu sorriso\

Já acompanhado do meu\

Sozinho ele resolveu partir\

Enquanto a chuva acontecia\

Naquele dia\

Nós valsamos sob a biqueira\

Escorregamos nas calçadas\

E sob as gotas das folhas\

Cavalgamos em risos a beira do regato\

Ao conversarmos molhados\

Descobrir que você não era o meu pedaço\

A chuva já era fim de tarde\

Quando voltando pra casa\

Olhei e vi\

Naquela janela solitária\

Um anjo, que não podia sair\

Em par com risos\

Te convidei a vir\

Com medo dissestes que não podias dali sair\

Estendi as mãos e te convenci\

Chuva no corpo\

Lama nos pés\

Eras igual a mim\

Leves, soltas e intensa\

Sentistes as horas sem fim\

Sem tempo, levei o anjo pro quintal\

Pra ver a água do poço\

Pra sentir os pingos da chuva no rosto\

Pra brincar e fazer sorrir o lugar\

Rodopiamos até ao chão aterrissar\

Quando a noite já vinha avisar\

De ir ou ficar\

Nossos olhos em uma simbiose\

Versaram os verbos\

Que a boca sem dizer nada\

Se fizeram num beijo pactuar\

Nossos amor incendiava sem controle\

Como a febre\

Que ardia em nossos corpos a queimar\

Mas você teve que ir\

E eu tive que ficar \