Infância Silenciada

Como gritar: SAI para meu pai?

Quando perceber que o pertinho

Já não é mais apenas carinho?

Como correr travada com o medo?

Apavorada com a invasão à alma

Jogada num rio de culpa, de segredos

Lamacentos e nojentos, que escorrem...

Sujam meu corpo, minha dignidade.

Vem do meu pai toda essa maldade.

É amor, ele me disse quando me invade.

E grito, PARA, PARA... peço compaixão.

Porém, sobre mim, ele derrama seu tesão.

Eu vou contar, não aguento essa vida.

Vou te matar, ele me diz, em ameaça.

E é ali que descubro: com a morte passa.

Do meu cabelo o laço ainda infantil

Escorreu para meu ainda frágil pescoço.

E pouco a pouco a minha dor sucumbiu.

Nilson Rutizat
Enviado por Nilson Rutizat em 09/04/2023
Código do texto: T7759560
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