SONETO SINGULAR

Você veio do nada, revoando inquietações, almas, tudo.

Seus passos bem concretados sabiam do chão a cerzir.

Seus olhos emparelhavam aos meus num soneto singular e único.

Assim fomos iniciando nossas idas, desarmados e ávidos pelo ar comum.

Vieram os anos, vieram os terremotos, vieram os frutos. Belos frutos.

O nosso casco, amadurando, resistia aos ventos contra com bravura.

O nosso sangue, já mesclado, dava luz ao sangue novo, sangue nosso.

Desse jeito fizemos o que entendemos por vida comum.

Acatando o furor atroz que tentava nos abater, em vão.

Acatando a pele embrutecida da discórdia, com fé.

Acatando os brilhos e alegrias que brotavam sem pedir licença.

Daí fomos trilhando o que o tempo nos brindava, dia após dia.

Hoje vejo que veio do nada só pra fazer o meu tudo.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 16/04/2023
Reeditado em 16/04/2023
Código do texto: T7764901
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