SONETO SINGULAR
Você veio do nada, revoando inquietações, almas, tudo.
Seus passos bem concretados sabiam do chão a cerzir.
Seus olhos emparelhavam aos meus num soneto singular e único.
Assim fomos iniciando nossas idas, desarmados e ávidos pelo ar comum.
Vieram os anos, vieram os terremotos, vieram os frutos. Belos frutos.
O nosso casco, amadurando, resistia aos ventos contra com bravura.
O nosso sangue, já mesclado, dava luz ao sangue novo, sangue nosso.
Desse jeito fizemos o que entendemos por vida comum.
Acatando o furor atroz que tentava nos abater, em vão.
Acatando a pele embrutecida da discórdia, com fé.
Acatando os brilhos e alegrias que brotavam sem pedir licença.
Daí fomos trilhando o que o tempo nos brindava, dia após dia.
Hoje vejo que veio do nada só pra fazer o meu tudo.