No buraco da íris

Gosto de guardar uma chave

Tento sempre fazer coleção

Guardo todas que eu ache

Útil ou inútil é tentação

Já encontrei uma pequena

Do cadeado que já não serve

Outra, velha, de dar pena

Ainda assim não deixo que leve

Tenho uma outra bem pesada

Pendurada sempre em meu ombro

Que sempre que for usada

Na tristeza dará um tombo

Ontem achei a chave de um poema

E tratei logo de tentar guardar

Cada letra cada fonema

Para no vento poder espalhar

Já não mais tento entender

De onde vem o gosto por chave

Mas sei que cada uma tem de ter

Um mundo novo que se abre