Tenda Vazia

Tenda vazia

A mansa cascata que rola

doce sem machucar a pedra,

o suave e majestoso canto

que se expande no vento.

O ar silvestre que entorpece

a mente no sonho encantado

revive a vida a cada segundo,

e ensina a fala que enobrece.

Longe dali, na floresta cinza,

a penumbra que esconde o dia

com o véu turvo da incerteza

anuncia a parábola do profeta.

Mas a pequena caixa que fala

emudece a voz do tido louco,

e a vitrine reluzente embaça

e tapa os olhos do humano.

Cego e surdo segue a gente

sem tenda e anda no cavalo

sem pata, em busca do ouro

criado na ilusão do demente.

Sem olhar no espelho que revela,

caminha como um verme bípede,

de encontro ao pântano sem lua,

e ao deserto que asfixia o vivente.

A cascata que dança e canta

no mato, não sabe que a foice

anunciada, viaja na bactéria

eletrônica gerada na vaidade.

Anderson Aguilar

23/07/2007