Rosa morta

Clemência para as rosas que nascem

Neste momento entre galhos de espinhos.

Rosas! Que rosas? Rosas em galhinhos

Que arrancadas e violentadas só morrem.

São desejos de quem as rancam

Simbolizar o seu ímpeto de amor à sua amada.

Mas onde, depois de tudo, inútil e murcha, será jogada

A pobre rosa que não mais encanta.

Pobre rosa, a que vi ser atirada fora;

Fora vítima de um amor passional,

Um desses casos que parece fenomenal,

Por nascer tão cedo, por morrer agora.

Feretra pela cidade a rosa morta,

Entre despojos que hora fedem, que hora enojam,

Mas as suas sinuosas pétalas ainda cortam...

Os corações dos ratos que na lixeira moram.

Vicente Freire – 07/06/1983.