O homem da banca de jornal

(Wilmar J. Rosolen Pimentel)

(Do meu livro "Um pé lá e outro cá")

O homem da banca de jornal

Tem uma calvície clássica

Tem asma e é estrábico

Nunca se levanta de sua cadeira

Atrás da caixa registradora

E atende a todos os clientes pelo nome.

O homem da banca de jornal

É gentil mas não ri à toa

Não dispensa um bom papo

Entende de tudo um pouco

E tem resposta para tudo

Atencioso, nunca nega uma informação

O homem da banca de jornal

É o típico boa praça

Conhece a natureza humana como ninguém

E tem sempre uma palavra amiga

Jamais discute religião nem política nem futebol

Diz que é para não perder a amizade

O homem da banca de jornal

Nas horas vagas escreve versos

Tão belos quanto tristes

Vive só por opção e convicção

Se faz de surdo quando lhe pedem fiado

Amizade é uma coisa, negócio é outra

O homem da banca de jornal

É um sábio que usa boina amarela

É estátua de si mesmo em si mesmo

Portador das boas e más novas

Vê o mundo a passar nos limites

Da sua caixa registradora

O homem da banca de jornal

Não tira dia de folga

É no trabalho que se sente vivo

É no trabalho que se sente útil

Ninguém sabe sua idade ou mesmo seu nome

Dele só sabem, que é o homem da banca de jornal.

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 04/05/2023
Reeditado em 05/05/2023
Código do texto: T7779964
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