O POETA E A ROSA

Deixa-me deitar sobre ti meu olhar

Ó pequenina flor

Nascida no canto da rua

Sem o cuidado de mão jardineira

Deixa o meu olhar que sabe olhar

Acariciar tuas pétalas, teu doce sorriso

Tão juvenil, tão primaveril e ainda, impreciso

Assustado sorriso, em resplandecente manhã.

Sou eu pequenina, não te assustes

Sou o que vem pela estrada

Colhendo em espanto

A grande beleza dos pequeninos

Ao florir, pequenina

Tu também me floresce

Meu peito animalesco se acalma

E minha alma, agora serena, evolui em prece.

Como tu, eu também sou tão pequeno

Diante dos padrões humanos

Mas eu sei, nós sabemos o que é ser grande

Enquanto a maioria, vive no pântano dos enganos.