FÊNIX

Hoje fiz as pazes com o mundo.

Esqueci todas as minhas frustações,

joguei no lixo todas as inquietações

e saí por aí à procura de mim.

Minha alma parece mais solta

e os maus fluídos que me rodeavam

dissiparam-me como num passe de mágica.

Meu corpo recuperou sua vitalidade,

sinto a vida renascer em mim.

Em minha solitária jornada pelo mundo,

vejo a vida em todos os cantos:

na esquina, nas lojas, nos homens.

A natureza me acompanha e me dá alegria:

todos os lugares resplandecem.

Estranho nunca antes ter percebido

que a vida está em toda parte, disseminada.

Tantos anos gastos em vãs atividades,

descrente de tudo, sem fé nem esperança;

tanto tempo perdido com meu positivismo,

que me distanciou de Deus e me fez incréu.

Ao relembrar meus atos passados, arrependo-me:

perdi preciosos momentos de minha vida

sem realmente aproveitá-los com sabedoria.

Mas ainda resta uma esperança:

quem repensa sua conduta e a corrige,

quem eleva seu espírito a Deus, em veneração,

consegue renascer das cinzas e viver.

Eis a sublime virtude dos que crêem na vida.