TEMPESTADE

Estou, não através, mas por meio,

posto perto da folha e do cinzeiro,

em frente à tela plugada nas redes,

torpe de sombras e de versos feitos.

O meu ofício é o de resgatar o poema,

o mesmo que jamais entrará em cena:

passa na cova da coxia, no proscênio,

e sai lá de onde nunca esteve dentro.

Tudo se repete na roda dura de sempre.

— E você é esta nuvem suada e ausente.