ESCOMBROS

“Eu sou aquela casa abandonada”

Ádila Cabral, em A Casa Fria

Doído resisti, e não mergulhei nos seus braços,

estas lâminas que multiplicam-me em pedaços

e, entretanto, sinto muito a falta daquele traço

— forte, volátil, artificial e absolutamente falso,

por fora e dentro, e entre o meu sangue circulado.

Se está, as horas são vastas: permaneço acordado

sobre os breus da esquina, com os seus fantasmas

— eles vêm e voltam; vão, e habitam nesta senzala,

de onde exala o hálito acre da sua mistura áspera.

Observo os estalos da vela… Ouço a luz do despacho.

Bebo das farinhas amareladas… Como das cachaças.

Se não está, sou somente aquela casa abandonada...