É verdade! Pode confiar...

Me diga o que é a verdade!

Desafio terem a resposta.

Pois, a mentira é a proposta,

De acreditar na verdade!

Pois então, é que eu lhes digo!

Que a verdade verdadeira,

Espinha, traz o perigo,

Cala toda a faladeira.

Mas é verdade indecisa.

Não sabe se fala ou mente,

Ao desmentir imprecisa,

A falsidade da gente.

E com sua cara metade,

Divide as vidas na moeda,

Molinete da verdade,

N'outra, com farsa se enreda.

A verdade que se usa,

Do jeito certo ou errado,

Entidade que nos cruza,

No peito falso, escarrado.

Mentindo veracidades,

Não nos importa se é certo.

Só vale a benignidade,

Nas falas do mais esperto.

Esperto que se corrompe,

Ao falaciar com lealdade,

Palavras tortas defronte,

Dos espelhos da verdade.

Já Eles, dela se abusam,

Corrompem a sociedade,

Com distorções, eles usam,

Verdade sem hombridade.

É que entendem a verdade,

Na guerra da narrativa.

Usam sua fragilidade,

Buscando prerrogativa.

E os restantes, mortais,

Clamam pela sua verdade,

Aceitam os verbos reais,

Advérbios de liberdade.

E aos ares berram: -Verdade!

A trupe dos inocentes.

Na sua dura realidade,

Fechando os olhos e mentes.

Pois, verdade não é fácil!

Perturba, atinge, contesta.

E a mentira, dança grácil,

P'ra aquele que nada resta.

Então sagaz é a verdade,

De entender que para alguns,

É "A" ou "Bê" a sua realidade.

Já pr'outros não é nenhum.

E sabendo-se entidade,

- A busca do Santo Graal -

Se abstém com faculdade,

Firme, como um grão de sal.

Pois, pra falar da verdade,

Tem que falar da mentira,

Já, mentira é a verdade,

A verdade que se vira!

E sem mentir, não se aprende

Como dizer a verdade,

E aquele que ora mente,

Logo tem sinceridade.

Pois hoje, toda verdade,

Pode depois ser mentira.

E com esta ambiguidade,

Que acendemos nossa pira.

Pira que é a luz guia!

Pira que queima a verdade!

Pira que tem chama esguia,

Chama da arbitrariedade.

Então diga-me a verdade!

A verdade verdadeira!

Diga sem iniquidade,

Fala certa, derradeira.

Creio que você não consiga.

Pois hoje fala a verdade,

Mas logo a mentira amiga,

Vem e abraça sua bondade.

E até mesmo essa verdade,

Que lhes conto com meu poema,

Tende à efemeridade,

Da mentira em seu dilema.

Mas, no final vai, confia!

Confia na sinceridade!

Verdade em palavra minha,

Que digo com autoridade.

É isso mesmo criatura!

Só vem pra cá, pois não minto!

Aceita a minha verdade,

A minha veracidade...