Escrevo palavras concretas

Escrevo palavras concretas

No vazio da cárie dos pneus

Ultrapasso o pedaço

Que separa o futuro

Daquilo que nunca ocorreu

As palavras são velhas

E vão ficando cansadas

Querem dizer algo

Mas esquecem o que é

Deixam de ser concretas

E vão se tornando diáfanas

Sem significado qualquer

Democracia, liberdade, direitos

Vão amarelando

E pouco a pouco escorrem

Se misturam com o ódio

Violência, pavor

Na confusão não se distinguem

Por fim viram paçoca de letras

São devoradas pelos mudos

Que transmitem sinais

Que ninguém entende

Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 26/05/2023
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