Voltemos pela estrada sempre a mesma

Sob lua anciã, terrível, fria, bruxa

Do inverno errante, em tudo o mesmo algoz,

Os mesmos, nós também, sem terno adeus,

Sem paz que dure ou valha a pena e a fuga.

Voltemos, nem mais sábios nem mais ricos

Tropeço após tropeço além dos muros

Da glória por ruir, dum vir às cinzas

Tão nossas quanto o breu que nos acolhe,

Colina acima, à rocha, à hiante gruta

Que os anjos já partiram, somos poucos --

Ah, o medo ergueu estátuas da desgraça!

-- e o que era vão sob chamas passa, é nada.

Voltemos ao que sempre fomos, nus,

Sedentos, sim, sequiosos por verdade.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 27/05/2023
Código do texto: T7798484
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