Parto de Atena
Diferente de Zeus,
Estou prestes a parir desespero
Desta cabeça latejante.
Adiando o inadiável
Como uma criança irredutível
Reprimindo o anoitecer.
Dançando o mesmo tango
De quem cambaleia em música
Para florear angústia
Na harmonia mutável
De uma disfonia tão sensível
Quanto o ato de esquecer.
E ao vasculhar memorabilia
Em cada expiração,
Acorrentada nos pulmões,
Torno-me incurável
Por lembrar de tantas coisas
E não saber o que dizer.