CEGUEIRA
É um perigo amiga Sofia
Mover-se na areia da ignorância
Colher lúcido, o perfume das letras
Espalhar pelo ar sua fragrância
Sombras, mais que a verdade se impõe
Aos prisioneiros da caverna fria
Dói-lhes muito a razão secular
O espanto da filosofia
Nessa vida de voz digital
Bem e mal habitam a teia
Fontes puras se curvam ao caos
Do irreal canto da sereia
Nas redes, templos e cercados
Hinos e cânticos amaldiçoados
Cravam espinhos com ódio untados
Nas ovelhas, asnos e gados
Turva a imagem, a mente insana
Dando vida ao descalabro
Para quem não saiu da caverna
Ou saiu com tino vendado