Dia de Finados
Corrompi o espírito vendo o outono,
Dos ossos e sonhos vendidos e puros.
Suguei o tutano, e os restos impuros,
Cuspi para os mortos, servos do sono.
Calcando o infinito, o vasto carbono,
Viso outros tantos olhares tão duros,
Densos, amargos, cercados por muros,
Risos traídos pelo arguto abandono.
Deitam os vivos também de fraqueza,
No ventre da terra, miasma e aquarela.
Na muda agressão da mestra certeza.
E meu triste olhar tornou-se a janela,
De fora pra dentro atendo a tristeza,
De dentro pra fora chorando a mazela.