Dia de Finados

Corrompi o espírito vendo o outono,

Dos ossos e sonhos vendidos e puros.

Suguei o tutano, e os restos impuros,

Cuspi para os mortos, servos do sono.

Calcando o infinito, o vasto carbono,

Viso outros tantos olhares tão duros,

Densos, amargos, cercados por muros,

Risos traídos pelo arguto abandono.

Deitam os vivos também de fraqueza,

No ventre da terra, miasma e aquarela.

Na muda agressão da mestra certeza.

E meu triste olhar tornou-se a janela,

De fora pra dentro atendo a tristeza,

De dentro pra fora chorando a mazela.

Myrna RRP
Enviado por Myrna RRP em 15/12/2007
Código do texto: T780068