Identidade
Este verso abstrato que carrego no peito,
Cansado sem leito, frio, divinal.
É da alma alimento, do corpo o manto,
É um lúdico canto na luz do umbral.
Só assim eu encubro de forma rasteira,
Minha alma faceira e meu riso flamante.
Dou forma ao medo ao sonho e a loucura,
Ao mal que perdura e me faz sitiante.
Desnudo das chagas minha fome tétrica.
E em oração métrica a vida me acena:
Para calar dos sepulcros o longe ruído,
Para secar o fluido que na alma envenena!