Transbordar

Choveu...

Hoje é dia 31 de maio e está chovendo lá fora.

Nem ao menos notei quando a chuva chegou, pois já estava chovendo dentro de mim

A chuva chegou, devagarinho e de mansinho foi se alojando em meu peito, abrindo feridas e fechando minha visão para o mundo.

Cada vez mais forte,

cada vez mais barulhenta e minha voz foi se perdendo no silêncio das paredes brancas de um cômodo sem começo ou fim.

E chorei, chorei como uma criança, sozinha e assustada com medo, com medo do mundo, medo do futuro, medo de sí...

Fechei os olhos e respirei, contei 1, 2, 3, 4, 5, 6...20...50...200... até ouvir no silêncio do escuro que é preciso chover para poder transbordar em si.