Essência e Tutano

Quando adentro meu peito e aparto,

Nas sebes da carne a voz sussurrante,

Da lamúria abismal e do vício flamante,

Devoro-me inteira. Em versos me farto.

Em meus ossos e espírito, onde reparto,

A muda menina e meu verso cantante,

O engenho faminto, o amor sitiante.

Da fera, em unhas, assim me ensarto.

Tudo, quando adentro, ilumina e acorda.

Navega-me a artéria o suor invernal.

Meu imo espelha, gigante, me aborda.

Pinta-me os olhos, qual se pinta um vitral.

Ajoelho minh´alma, a vida transborda,

E enche de mim a solidão do umbral.

Myrna RRP
Enviado por Myrna RRP em 16/12/2007
Código do texto: T780772