Essência e Tutano
Quando adentro meu peito e aparto,
Nas sebes da carne a voz sussurrante,
Da lamúria abismal e do vício flamante,
Devoro-me inteira. Em versos me farto.
Em meus ossos e espírito, onde reparto,
A muda menina e meu verso cantante,
O engenho faminto, o amor sitiante.
Da fera, em unhas, assim me ensarto.
Tudo, quando adentro, ilumina e acorda.
Navega-me a artéria o suor invernal.
Meu imo espelha, gigante, me aborda.
Pinta-me os olhos, qual se pinta um vitral.
Ajoelho minh´alma, a vida transborda,
E enche de mim a solidão do umbral.