ELA NÃO VÊ

Eu rodopio dou meia volta

Conto de zero até mil

Planejo o plano mais ardil

Apareço na manchete

da página que ela gosta

Contrato um paredão e um trio

Viro presidente do Brasil

Mas ela não vê

As vezes é distração sei lá

Pode ser um pouco mais que isso

Talvez é só um momento difícil

E as pessoas se distraem mesmo

São momentos que não olhamos pra ninguém

Mas a gente, tão próximos

Meu Deus, como é possível

Eu fiz algo tão incrível

Fiz até um requerimento

Todo mundo está atento

A praça pode virar feira

A feira pode virar praça

Lá pelo artigo 500

Eu botei uns incrementos

Que construtora venda pão

Que a padaria venda cimento

Que toda Maria se chame seu João

Só pra chamar a atenção

Mas ela não vê

As vezes é distração sei lá

Pode ser um pouco mais que isso

Talvez é só um momento difícil

E as pessoas se distraem mesmo

São momentos que não olhamos pra ninguém

Mas a gente, tão próximos

Meu Deus, como é possível

Eu tentei outras novidades

Estampei o nome dela

Nos quatro cantos da cidade

Cada freira dança frevo

Cada trevo tem quatro folhas

Vinhos se vendem sem rolhas

Toda polícia é bem quista

Todos os pretos têm voz e vez

Nunca vi noutro lugar do mundo

Coisas com esta jaez

Todo aleijado tem direito

A dar um murro no queixo

De quem meramente insinua

Não lhe ajudar somente

A atravessar a rua

Todo poeta tem charme

Independente da letra

Ninguém se atrai por beleza

Basta a força da caneta

Tentei de tudo

Tudo tudo

Modifiquei todo o povo

Quase que invento um mundo novo

Mas ela não vê

As vezes é distração sei lá

Pode ser um pouco mais que isso

Talvez é só um momento difícil

E as pessoas se distraem mesmo

São momentos que não olhamos pra ninguém

Guillherme Sotero
Enviado por Guillherme Sotero em 09/06/2023
Código do texto: T7809152
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