As vozes dos Padulas

O que se odeia no povo

É o seu riso resiliente

Apesar do salário que não chega

O que se odeia no povo

É essa teimosia em felicidade

Mesmo sem ter o amanhã

O que se odeia no povo

É o povo não pensar no amanhã

Há outra saída?

O que se odeia no povo

É essa risada fugidia

Ainda que sardinha em lata

O que se odeia no povo

É a economia pra garantir o gás

Essa felicidade ingênua

O que se odeia no povo

É esse povo ter direito ao sol

Mesmo sem dentes pra sorrir

O que se odeia no povo

É aquela sandália gasta no aeroporto

Essa teimosia em se achar gente

O que se odeia no povo

É a bolsa barata, o couro ilegítimo

A farofa na praia, o frango assado

O churrasco, a cerveja

É a sua existência, a sua insistência

Morre povo!

Eu te mato, por que tu não morre?!

(Inspirada em Fernando Padula e no áudio vazado)

Isabel Cristina Rodrigues
Enviado por Isabel Cristina Rodrigues em 10/06/2023
Código do texto: T7810220
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