Os medos dos Padulas

O que se teme no povo

Não é seu sono, sua insônia

É sua chance de acordar

O que se teme no povo

Não é a escola massacrante, alienada

É o encontro com Paulo Freire na esquina

O que se teme no povo

Não é a saber da fanfarra atrás do cadeado

É a decisão em romper a porta

O que se teme no povo

Não é o beijo entre meninos

É a descoberta que o afeto mobiliza

O que se teme no povo

Não é sua voz calada, reprimida

São as cadeiras que fecham a via pública

O que se teme no povo

Não é sua ausência de perspectiva

É a assembleia, a ata e suas decisões

O que se teme no povo

Não é o vício, nem o grude com celular

É descobrir a web como arma

O que se teme no povo

Não é a festa onde faltou comida

É a potência da mesa compartilhada

O que se teme no povo

É a cabeça levantada, é desacatar Scherer(s)

É acordar Chico(s), Maria Gadú e Criolo

É lembrar que é gente, é sentir que sente

É fazer fagulha virar incêndio que não apaga

É teimar com calma, é seu uivo

É ser lobo articulante, no coletivo

Isabel Cristina Rodrigues
Enviado por Isabel Cristina Rodrigues em 10/06/2023
Código do texto: T7810228
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