ANTES DO NADA

Há inúmeros verdes vindos do morro

(e o alvejado ofuscante do meio-dia),

à paleta de amarelos-ouros das folhas

secas e dos terracotas da sua tinturaria.

Nada constrange os beges deste outono

de junho pleno que, ao inverno, notifica:

venha somente depois do dia de Xangô…

Apontam que tenho de soltar-me na pista

do poema: e ser outro eu, e pouco corpo,

muita alma, mais leve de menos cortinas.

E será por que escrevo sobre os entornos,

esquecendo do que mora dentro da linha?

Ou esboço as vísceras e apago os contornos?

Não saberia dizer: apenas corrompo a rima.

O meu poema não está: ele não existe ainda.