Predestinação
São os meus cabelos brancos
A minha apoteótica reserva de direitos...
Que tanto herdei, que tanto dei;
Só não me foi dado o direito
De extrapolar os meus sentimentos,
Pois amei tão pouco e no resto
Fiz confusão de sentimentos...
E me projetei, imagem que hoje,
Retardando o próprio tempo
Não deixa dúvida que sou passagem...
De um tempo onde o calendário
Fora trocado várias vezes,
E por várias vezes fez-me lendário,
Taciturno, inquieto, intransigente, um cenário,
Onde varias vezes as idéias se sucederam
Dando formas às coisas da minha imaginação.
Mas hoje, tão cansado e tão batido,
Dos abusos do não reconhecimento...
Dói-me a minha predestinação.
Vicente Freire – 14/06/1983.