OFIDIÁRIOS
Sou mesmo o alvo daqueles que apontam-me os dedos
em soslaios vigilantes, e esgueirados atrás das paredes
das bocas dos ofidiários, de onde aspergem seus venenos
sobre tudo que jamais serão, contra todos que têm êxito.
Os vulcões de perdigotos explodem nas noites sem freios
das línguas verdes. E estou réu de um tribunal obsoleto,
composto da perfeição de nota de três de seus elementos
— constroem a minha cruz que, porém, não é de madeira,
e, sim, de mentiras, de crueldades — e de maledicências.
De seus clubinhos fechados, de assentos sem suplentes,
pensam que transferem a mim suas dores e penitências:
julgam-se insuspeitos, e que podem distribuir algemas.
Querem apagar esta trajetória com os seus anti-silêncios
ruidosos, feito ratazanas — e entre a creolina das mesas.
— Não tenho nada deles, mas eles têm o meu desprezo…