Solitário Pensamento

Escrevo um verso e apago.

Então tento algo diferente,

Como se tivesse sido iluminado.

Mas a caneta não mente.

Sei que não há segunda vez,

E, se houver, não será melhor.

Nem que saiba recitar de cor

Todas as rimas do português.

Com palavras não mudo as estações,

Nem apaziguo o vento.

Não curo o mundo das escoriações

Que dizem ser sinal do tempo.

Em verdade, não quero que seja nada.

É só um solitário pensamento

Que desce e sobe a estrada

E que morre ao relento.