O HOMEM, O BOI E O ASNO

Discutiam numa mesa de bar 

O boi, o homem e o asno 

A cena me deixou pasmo

E eu custei a acreditar

No discurso viciado

Que me chegava de lá

Partilhavam da mesma crença

Defendiam o mesmo riscado

Não dava pra fazer diferença

Entre homem, asno e gado

O homem repetia o mantra 

Para o qual ele foi doutrinado

O asno defendia-se da fama

De entender tudo errado

O gado seguia o curso

Para onde fosse tocado

Era uma mistura tão intensa

Estava tão embaralhado, que

Não dava pra fazer diferença

Entre homem, asno e gado

Quando enfim se revelaram

Adestrados e cooptados

Convencidos pelo berrante

Pelo chicote ou pelo cajado

Percebi que não estava enganado

Pois sei que asno não pensa

Também não pensa o gado

E se o homem é manipulado

Não dá pra fazer diferença

Entre homem, asno e gado