ANSIEDADE

O telefone não toca.

A campainha

continua muda.

Estou a esperar

para a conversa

que teríamos de ter

há anos.

Não tivemos.

Adiamos.

Adiamos.

Crise sobre crise.

O caminho, sempre,

contornado,

nunca acertado,

discutido,

verbalizado.

A campainha

dá o sinal.

Abro a porta.

É você.

E sem nada dizermos,

entreolhamo-nos,

com olhos marejados d’água.

E sem uma palavra ser dita,

resolvemos

que aquela é a hora

do nosso tudo findar.

Endereço do meu blog:

encontrodepoetas.blogspot.com