VELUDO CÔNCAVO

A lembrança se esforça

E quase chega lá

Histórias ouvidas vêm

O colo ainda tem a maciez

O veludo côncavo

Encaixe perfeito

Ah como é bom!

Rede de brocados

Retalhos...

Textura e cheiro

Néctar branco vital.

Amor que jorra...

O verde banha o quarto

Olhar terno ao fruto colhido

Esparramas ramas de esperança

E dança...

O mingau ainda esta quente

E o embalo vai a mil estrelas

Acorda sonhos

Sons metálicos harmoniosos

Relógio da matriz

O balanço sublime

Rabiscos em folha branca

Mão grande, mão pequena

Passos que vão lá e cá

Ante bracos estendidos

Nenhum gesto escapa

dos meandros do afago

Da ditadura da proteção

A vida volta a prometer

Quem sabe dessa vez seja perene.

E os atropelos não venham estragar

Voa pelos ares

Um aroma de eternidade

E tudo tem cor de céu outra vez

Quase...

***

Poema em homenagem a minha mãe e a nossos melhores momentos. Ela que nesse 30 de junho completaria 87 anos.